terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

O cristão e a cultura do desperdício

Por Davi Lago
O mundo consumista é o mundo do desperdício. Vivemos num mundo onde as pessoas consomem como consolo. “Sofro, logo compro”. Quanto mais infeliz uma pessoa está, mais ele compra prazeres imediatos. O consumo é útil como paliativo para os desejos frustrados do homem moderno. As pessoas compram para procurar esquecer os seus problemas.
O consumismo desenfreado de nossos tempos revela como as pessoas são hiperindividualistas. Cada um monta seu próprio ritmo e estilo de vida. Por exemplo, os jovens usam roupas e música para fazer uma afirmação sobre si mesmos.
O consumo também é contínuo. Tudo funciona 24 horas por dia. Não há tempos vagos. A internet permite comprar em qualquer hora e lugar. O consumismo é frenético. Hoje já não se sabe esperar. Vivemos na cultura da impaciência. As pessoas são alérgicas à espera. É o tempo da demora zero. As pessoas são comprimidas pelo imediatismo e urgência. Os homens são prisioneiros da ditadura do tempo real.
O luxo também tem uma ligação bastante estreita com o desperdício. Aliás, isso é tão velho quanto o mundo. O luxo sempre foi concebido como uma forma de dilapidação, de excesso, de desperdício, mas o problema é que em uma sociedade de consumo é toda a sociedade que funciona como um desperdício. Porque hoje os produtos são feitos para serem descartáveis, não é mais simplesmente o luxo que é sinônimo de desperdício. Há tempos atrás, foi a moda, por exemplo, mas, hoje em dia, todo o consumo leva ao desperdício.
As pessoas estão atrás de símbolos de status, e para isso fazem o que for preciso fazer.
Aqueles que vivem e tem o coração em jantares suntuosos, roupas caríssimas e demais símbolos de status, não agradam a Deus. O profeta Amós condenou duramente a cultura de luxo, ostentação e desperdício de Israel: “Vocês se deitam em camas de marfim e se espreguiçam em seus sofás. Comem os melhores cordeiros e os novilhos mais gordos. Dedilham suas liras como Davi e improvisam em instrumentos musicais. Vocês bebem vinho em grandes taças e se ungem com os mais finos óleos, mas não se entristecem com a ruína de José” (Am 6.4-6).

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